sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O SOM AUDITO E INAUDITO


O som é a propagação de uma frente de compressão mecânica ou onda mecânica;é uma onda longitudinal, que se propaga de forma circuncêntrica, apenas em meios materiais - que têm massa e elasticidade, como os sólidos, líquidos ou gasosos (...) Para os humanos, a audição é normalmente limitada por frequências entre 20 Hz e 20.000 Hz (20 kHz), embora estes limites não sejam absolutos. O limite maior normalmente decresce com a idade. Outras espécies têm diferentes níveis de audição. Por exemplo, os cães conseguem perceber vibrações mais altas que 20.000 Hz. Como um sinal percebido por um dos sentidos, o som é usado por muitas espécies para detectar o perigo, orientação, caça e comunicação. A atmosfera da Terra, a água e virtualmente todos os fenômenos físicos, como o fogo, a chuva, o vento, as ondas ou os terremotos produzem sons únicos. Muitas espécies, como os sapos, os pássaros, mamíferos terrestres e aquáticos foram, também, desenvolvendo órgãos especiais para produzir som. Em algumas espécies, estes evoluíram para produzir o canto e a fala... 
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LER MAIS a seguir um bom artigo sobre o assunto, publicado em 1995...






O artigo a seguir descrito (bem como imagens), foi transcrito pela gerência da presente página, de fotocópias, da revista Audio do mês de Abril ao ano de 1995, autor Anibal Ferreira. Qualquer erro ou reclamação, disponham...

O AUDITO E INAUDITO
 
A ALTA FIDELIDADE DO OUVIDO HUMANO

   Permita-me lançar-lhe caro leitor à guisa de introito, o repto de um roteiro algo insólito que – retomando o timbre do Poeta – poderá levá-lo a descobrir sons provavelmente nunca dantes ouvidos. Posso desde já assegurar-lhe que o desgaste físico envolvido é quase nulo e o equipamento mais complexo necessário é aquele que lhe proporciona um prazer que já não dispensa: os seus ouvidos. O único requisito importante é que se disponha a ganhar uma hora de descobertas inauditas.
   Primeiro investigue onde e quando pode fazer uso de uma câmara ou compartimento anecoico. Há vários laboratórios no nosso país que dispõem desses compartimentos para realização de diversos testes acústicos auditivos.
   Agende a sua marcação e esforce-se nas 24 horas anteriores por sujeitar os seus ouvidos, o mínimo possível, a sons intensos. Por exemplo, use, sempre que seja oportuno e que se justifique, uns protetores auriculares de modo a proteger e os seus ouvidos do som e ruído ambiente.
   Vença a aparência conspícua do compartimento anecoico, franqueie a entrada com serenidade e determinação e previna que, para além de você, só existe mais uma cadeira sólida, não almofadada, no interior desse compartimento. Verifique que aporta de entrada é firmemente fechada. Assegure que se instala comodamente, de modo que nos próximos 50 minutos não gere ruído por movimento dos sapatos, perna ou outro movimento de membros que dê ligar a qualquer fricção do seu vestuário. Procure concentrar-se tal como provavelmente já fez no caso dos já muito divulgados estereogramas, mas, desta vez, para testemunhar sons reias e não ilusões ópticas.
    Ao fim de minutos, a envolvência parecer-lhe-á cada vez mais etérea mas não se deixe intimidar e vença um eventual sentimento de desconforto. Os sons que normalmente estão submersos pelo ubíquo ruído ambiente do quotidiano revelar-se-ão ao silêncio do vazio (expressão dual de “ à luz do dia”), compensando-lhe toda a paciência e concentração. Começará primeiro por perceber o detalhe da batida do seu coração. Ao cabo de 50 minutos já ouvirá o próprio fluxo sanguíneo, movimentos dos intestinos, os movimentos mais pronunciados dos músculos faciais e , se o seu ouvido conservar ainda plena acuidade auditiva, ouvirá também uma estranha sibilância muito ténue mas contínua. Acredite ou não, este som corresponde ao movimento aleatório das partículas de ar que atingem o seu ouvido! Parabéns! Atingiu o limite absoluto da sua sensibilidade auditiva, provavelmente insuspeita até ao momento. Mas não corra agora pelo compartimento fora a contar a novidade! Apesar de o ouvido dispor de mecanismos de proteção, permita-se uma transição suave para a poluição sonora em que mergulhará de novo assim que se abrir a porta do compartimento.
    A descoberta é de facto tanto mais notável quanto se prova que o som audível do movimento aleatório das partículas de ar corresponde a um deslocamento incrivelmente pequeno do tímpano, com cerca de e um centésimo da milionésima parte de um centímetro, ou seja, de um décimo do diâmetro da molécula de hidrogénio.
   Este é um exemplo das excecionais capacidades do sistema auditivo humano que, como qualquer mecanismo extremamente complexo, de grande precisão, bastante sensível e sobretudo insubstituível, requer alguns cuidados especiais, particularmente no que diz respeito à sua proteção. Este é assim o tema deste artigo que, sem pretender ser exaustivo, procurará dar resposta a algumas questões importantes tais como: Quais são os limites da capacidade auditiva e como é que evoluem com a idade do individuo? Porque é que as mulheres parecem ouvir “melhor” do que os homens? Que fatores condicionam ou aceleram a degradação da sensibilidade auditiva? Certas formas de higiene do ouvido podem ser prejudicais? Que medidas preventivas podem ajudar a preservar a capacidade auditiva e a proporcionar a qualidade dessa fonte gratificante do prazer?
 
ESTRUTURA DO OUVIDO HUMANO
   O sentido da audição envolve várias fases de processamento dos estímulos acústicos. A região periférica (fig.1), constituída pelos elementos compreendidos entre o pavilhão auricular e o nervo auditivo, capta o sinal acústico (movimento ordenado das partículas de ar) e efetua a sua conversão mecânico-eletroquímica, de modo a transmitir a informação resultante, através dos nervos auditivos, a regiões centrais localizadas no cérebro.
    Em traços simples, o ouvido externo capta energia sonora e canaliza-a para o ouvido médio onde será convertida em vibrações mecânicas. Estas vibrações ou ondulações, comunicadas pelo tímpano a um conjunto de três ossículos, propagam-se através do ouvido interno, preenchido com um fluido, através de ondas progressivas. É no ouvido interno, que milhares de células ciliadas transformam a energia mecânica em impulsos elétricos que são depois comunicados ao cérebro pelos nervos auditivos. O conjunto do tímpano e ossículos atua como um adaptador de impedâncias entre o movimento de partículas capitadas pela área do tímpano e o movimento de fluidos da cóclea, comunicados através da janela oval. O ouvido médio desempenha também funções de controlo adaptativo de ganho de modo a proteger o ouvido interno de sobrecargas ou mesmo destruição. As não – linearidades decorrentes desta função são facilmente percetíveis por exemplo, quando se varia a intensidade de um tom puro, através da perceção de outras componentes em frequência que provocam uma variação no pitch ou timbre do som do ouvido.
    A vida inicia-se com um número fixo de cerca de 40 000 células ciliadas. À medida que se avança na idade, algumas destas células morrem naturalmente causando perdas auditivas, conhecidas na gíria por presbycusis (presby = velho, alousis = audição). Este problema só é notado de forma sensível em idade provecta (entre os 50 e os 80 anos), apesara de poder ser agravado por via hereditária. As células ciliadas podem também ser danificadas em resultado de acidentes na cabeça, infeções, alguns medicamentos e exposições críticas a sons muito intensos.
   Algumas propriedades do sistema auditivo humano tais como a seletividade e sensibilidade em frequência, a perceção de intensidade sonora e adaptação dinâmica a intensidades muito fortes, o efeito de máscara ou mascaramento (apagamento de algumas componentes do sinal devido à proeminência de outras), são identificáveis funcionalmente ao nível mais periférico. Porém, vários estudos revelam que estas funções são “polidas” ao nível do cérebro, onde ocorre o processamento mais importante que traduz o estímulo acústico na correspondente impressão ou sensação auditiva. Dado que estes estágios de processamento não estão isoladamente acessíveis ou são desconhecidos, uma solução prática para caracterizar aspetos da perceção auditiva consiste em realizar uma análise conjunta e modelização de todo o processamento auditivo, gerando sinais acústicos de teste adequados e “medindo” a sua impressão auditiva, através do tratamento estatístico das respostas quantificadas fornecidas por ouvintes treinados. Este é o fundamento dos testes psico-acústicos. Um exemplo comum destes testes é o conhecido audiograma que será referido mais adiante.
   Apesar do ouvido médio estar isolado do ouvido externo pelo tímpano, ele é também preenchido por ar e a equalização da pressão deste espaço com a do exterior é feita através da trompa de Eustáquio, assinalada na figura 1 e que desemboca na região posterior das cavidades nasais. A sua função é particularmente notória quando se sentem as diferentes pressões associadas a pontos geográficos com grandes diferenças de altitude ou, então, quando se pratica mergulho em que a equalização forçada é um exercício obrigatório. Uma outra função da trompa de Eustáquio é assegurar a drenagem em caso da temível infeção do ouvido médio.
 

   Uma caracterização útil do sistema auditivo é a identificação do plano que delimita as capacidades extremas da experiência da audição (os aspetos específicos da perceção espacial ficam remetidos para um futuro artigo). Esse plano está representado na figura 2 e as grandezas representadas são frequência e intensidade sonora em dB. Esta intensidade é medida como o logaritmo da relação entre pressão acústica de um dado sinal e a pressão acústica de referência de 10E12 W/m2 (1picowatt por metro quadrado). O eixo das abcissas representa a gama das frequências a que o nosso ouvido é sensível. O eixo das ordenadas representa, para cada frequência e no limite inferior, o limiar de audição, isto é, a mínima intensidade sonora que essa frequência deverá ter para conseguir ser ouvida. No limite superior, representa para essa frequência, a intensidade sonora que já representa risco de degradação do sistema auditivo, acarretando sérios danos se a duração da exposição for excessivamente prolongada. Estas regiões de funcionamento devem ser objeto de cuidado especial na proteção do ouvido e por isso serão analisadas em pormenor mais adiante. A Área compreendida entre o limite inferior e superior ´´e onde se desenrola a experiência auditiva. Assinalam-se, em particular, a subárea de maior probabilidade de ocorrência dos sinais de vozes dos sinais de música. Atingir a curva limite inferior que representa o máximo absoluto da sensibilidade auditiva era, pois, o repto lançado na introdução deste artigo. Dado ruído ambiente de todos os dias, a curva real da sensibilidade auditiva é semelhante à da figura 2 mas está deslocada para cima um valor que é tanto mais acentuado (isto é, maior perda de sensibilidade auditiva) quanto maior for a intensidade e duração dos sons a que sujeitamos os nossos ouvidos. Nesta figura representa-se ainda a ponteado grosso o deslocamento permanente, isto é irreversível, resultante de sujeitar os ouvidos, com grande regularidade a música reproduzida, sobretudo através de auscultadores, a muito altos volumes. Este e outros fatores redutores da capacidade auditiva serão tratados a seguir.
FATORES REDUTORES DA CAPACIDADE AUDITIVA
   O principal fator que, em condições normais, determina a redução da capacidade auditiva é, como foi apontado anteriormente, o próprio processo de envelhecimento natural.
   Como já referimos, as características fundamentais do som são frequência e intensidade. A primeira mede-se em número de ciclos por segundo ou hertz e a segunda em dB, sendo uma medida de relação tomando como referência a pressão sonora de 10E-12W/m2 A sensibilidade auditiva (curva do limiar de audição) pode ser avaliada através de um teste auditivo. Este teste, designado por audiograma. Mede, para cada frequência, a intensidade mínima que um som deverá ter antes de ser ouvido. O teste é em princípio realizado com auscultadores e no interior de uma câmara anecoica ou acusticamente isolada com um nível de ruído desejavelmente inferior a 10 dB. A união de vários pontos de amostragem produz uma cura ao longo do espetro audível. Estes testes permitem determinar, numa avaliação pontual, perdas relativamente a padrões estabelecidos ou, numa avaliação regular, a evolução e caraterização de perdas auditivas. A zona crítica de intensidades sonoras a partir da qual podem verificar-se perdas auditivas situa-se nos 85-90dB. As perdas auditivas temporárias ou reversíveis ocorrem para exposições curtas na região crítica de intensidades ou acima. Nota-se com um abafamento de certas componentes sonoras particularmente às altas frequências e também pelo aparecimento de ruído gerado espontaneamente pelo próprio sistema auditivo (tinnitus).  
   Exposições repetidas a sons na zona crítica de intensidades superiores podem originar um deslocamento permanente do audiograma que corresponde a perdas auditivas permanentes ou irreversíveis. A figura 3 ilustra a perda de sensibilidade (deslocamento da curva correspondente apo limiar de audição) com a idade. Para frequências inferiores a 1kHz não há variação significativa. Para frequências superiores, a variação é bastante acentuada, sendo por exemplo de 30 dB a 10 kHz para pessoas com 60 anos de idade. Esta análise pressupõe que os indivíduos não foram sujeitos, na sua experiência quotidiana, a intensidades sonoras de risco para durações prolongadas.
   Outros resultados, provavelmente baseados em indivíduos sujeitos às mais variadas condições de exposição, revelam que os efeitos do envelhecimento não são idênticos para homens e mulheres. De fato, as perdas auditivas com a idade nos dois casos são bastante diferentes como se observa na figura 4.Parce concluir-se que as mulheres têm perdas sensíveis bastante mais tardiamente do que os homens, além de que o seu nível de perdas é bastante menor do que o destes. Será este também um reflexo das vantagens fisiológicas que explica que, em média, as mulheres tenham uma esperança de vida média superior à dos homens? Uma das razões adiantadas para explicar esta diferença está na provável maior exposição do ouvido masculino a intensidades sonoras criticas durante, mais tempo. Além de haver uma maior incidência ruidosa nos locais de trabalho tipicamente masculinos, basta por exemplo pensar na maior parte da comunidade masculina pelos desportos motorizados, cinegéticos (armas de fogo), etc.
    As perdas auditivas são acentuadas em resultado da dosagem de exposição que corresponde à combinação (multiplicação) da intensidade sonora coma duração da exposição. Os limites de risco apontados na figura 2 são válidos par um ouvinte médio e um tempo de exposição de 8 horas por dia e 5 dias por semana. Para exposições mais curtas, a intensidade pode crescer correspondentemente. Por exemplo, para a região mais sensível, o ouvido pode ser exposto a intensidades sonoras de 100 dB durante cerca de 50 minutos por dia, 110 dB durante 5 minutos por dia ou 145 dB durante 0,1 segundo por dia. 
    Este último valor deve ser encarado com seriedade particularmente pelos amantes e sobretudo praticantes da percussão, nos quais me incluo, pois estes curtos picos de intensidades sonoras agressivas (por exemplo, facilmente gerados por acentuações de tarola) destroem paulatina mas irremediavelmente o próprio ouvido. Para dar uma perspetiva relativa de intensidades sonoras, a tabela 1 tipifica algumas ocorrências familiares.
   A principal conclusão desta seção é pois que a audição de música a grandes intensidades sonoras, como é particularmente o caso da audição com auscultadores de grande dinâmica e largura de banda, e das condições de um concerto ao vivo, deverão ser regradas de acordo com o seus potenciais efeitos nocivos e, se necessário, deverão ser acompanhadas de proteções auriculares, de acordo com as recomendações da próxima seção.
    O stress acústico deverá portanto ser evitado a todo o custo se se pretende prolongar as suas boas capacidades auditivas por longos anos. A este propósito e se me é permitida a deambulação, dado como adquirido que os barulhos e ruído monótonos dos ambientes industriais e fabris causam fadiga auditiva e psíquica originando stress, não me é inteligível, em particular, o sucesso da chamada factory music, que é, a meu ver, caraterizada por um ritmo monocórdico, uniforme, mecanizado e irritantemente metálico. Ainda por cima, associando este facto aos fazedores deste tipo de música que sugestivamente adotam electronic para sufixação ou prefixação do nome das suas bandas, leva-me a pensar que os pés de dança são agora remotamente controlados e democraticamente equiparados, de modo a passarmos todos a ser confortavelmente iguaizinhos, tomados pela mesma bitola com cópias (clones) de um protótipo acrítico e acéfalo. Bom, mas no fundo, esta tendência até está em consonância com as tendências atuais de publicidade, consumo e até da programação televisiva, que é o da uniformização e massificação embrutecedora e estupidificante. Os psicólogos saberão explicar estes comportamentos sociais. Tenho para mim que isto corresponde a um preocupante empobrecimento espiritual da nossa sociedade com consequências óbvias de fuga no estereótipo e associação do consumismo com prática democratizante e de promoção social.
PREVENÇÃO E PROTEÇÃO DE CAPACIDADE AUDITIVA
   Há uma grande sensibilização para a proteção dos olhos e por isso todos nós tempos pelo menos um par de óculos solares. Não nos choca, por exemplo, verificar que, mesmo em estúdios de televisão, em particular os músicos não prescindem deles.
   Esta sensibilização para a proteção teve provavelmente um acrescido acolhimento, dado que os óculos cumprem também uma função estética. Porém é que então não há idêntica sensibilização para a proteção do ouvido? Porque é que as pessoas não protegem os seus ouvidos quando vão há caça, quando usam berbequins ou mesmo quando vão a um concerto?
De fato, o prazer da música não diminui quando a proteção é tão pequena quanto 10 dB, mas a saúde do ouvido é largamente beneficiada. Ter-se-á de inventar uma função estética para as proteções auriculares? Penso que é de falta de informação que se trata.
    Sem quaisquer pretensões moralizadoras, o resto deste artigo irá considerar algumas formas simples de prevenção e proteção dos ouvidos, que podem evitar a perda precoce de sensibilidade auditiva e no limite, a própria surdez.
   A forma mais eficiente de proteção dos ouvidos, particularmente para as doses de exposição susceptíveis de causar danos, consiste na utilização de protetores auriculares. Os protetores auriculares atuam como uma barreira à entrada do som no canal auditivo. Há à venda no mercado diversos modelos adaptáveis ao gosto e idiossincrasias anatómicas de qualquer um. Por exemplo, os percussionistas têm à disposição modelos especiais com diferentes respostas em frequência e níveis de atenuação.
   O local típico de exposição que conduz a exposições mais prolongadas a ruído nocivo e indesejado é o local de emprego. Uma grande parte das nossas empresas não forma ainda sensibilizadas para este problema e a incúria quer dolosa por parte dos responsáveis das empresas com o intuito de não originar novas despesas, mesmo que irrisórias, quer inconscientemente por parte dos trabalhadores, por falta de informação ou, mias grave ainda, por desinformação, leva q que surjam precocemente perdas auditivas consideráveis. Nas empresas, os locais de exposição mais críticos devem ser inventariados. Devem-se prever formas de proteção auditivas (com protetores auriculares) para trabalhadores que laborem nessas áreas. Deve-se realizar um teste periódico de rastreio ao sistema auditivo de cada trabalhador para acompanhar e detetar variações suspeitas. Esta é uma medida largamente compensadora. Vários estudos comprovam que, a serem usadas medidas de proteção auditivas em áreas de trabalho bastante ruidosas, a empresa ganha trabalhadores com uma conduta mais segura, menos propensa ao cansaço, motivada e por isso mais produtiva. 
   Para além disto, resulta uma menor probabilidade de ocorrerem problemas de saúde e acidentes de trabalho.
   As áreas recreativas ou domésticas não devem também ser descuradas. Por exemplo, a utilização de equipamento de recreio como veículos motorizados para deslizar na neve ou na água, a utilização de ferramentas de potência como ferramentas de carpintaria, cortadores de relva, berbequins; deve ser necessário, ser acompanhada do uso destas proteções.
   A observação de algumas regras de senso comum, tais como a escolha de eletrodomésticos silenciosos e afastar-se das fontes de ruído que não possa controlar (metro, alarmes, sereias) é também bastante benéfica. Por último, procure evitar sujeitar os seus ouvidos, durante horas a fio, a música reproduzida com intensidades próximas do limiar crítico identificado na figura 1. Coloque-se simetricamente relativamente às colunas da sua alta-fidelidade e procure a intensidade mais baixa para a qual o seu prazer da música não resulta comprometido.
   Verifique que a tendência oposta é autodestrutiva: elevando a intensidade para conseguir maior prazer, acelera o stress auditivo e as consequentes perdas auditivas, o qie leva a elevar ainda mais a intensidade. É claro que a iteração desta tendência tem um desfecho e dramático.
   Os ouvidos são essencialmente autocontroláveis. A cera do ouvido (cerúmen) retém a sujidade do seu interior e é expulsa naturalmente (por exemplo, pelos movimentos do corpo) Em caso de acumulação de cera é pouco recomendável utilização de cotonetes, pois estes podem empurrar a cera obstruindo o ouvido junto do tímpano, podendo provocar irritações e, mais grave ainda, perfuração do tímpano. Não se devem usar quaisquer químicos e não se deve arranhar o ouvido por exemplo coçando-o violentamente, pois isso pode ferir apele delicada do canal auditivo e ocasionar infeção (otite). No extremo, é recomendável a visita a um médico quando sentir sintomas de zumbidos espontâneos nos ouvidos, dores ou desconforto, tonturas ou dores de cabeça permanentes ou se sentir perdas auditivas. Isto nota-se por exemplo ao falr com alguém dado que em vez de manter o rosto virado para o interlocutor, há um pequeno desvio para procurar ouvir melhor por um dado ouvido.
   Por último, não se esqueça do necessário e importante descanso que os seus ouvidos bem merecem. Mais uma vez, o problema que aqui se coloca é perfeitamente dual do da visão. De fato, depois de várias horas de observação minuciosa a curta distância, de leitura, escrita ou de trabalho em frente ao computador, é recomendável que se “descanse” os olhos olhando ou fixando alvos longínquos numa paisagem. Do mesmo modo, alternando com doses razoáveis de exposição, conceda que o seu ouvido recupere a sensibilidade normal, por exemplo, deixando-o perscrutar o silêncio do lugar mais sossegado que identifique no seu alcance. Ao fazê-lo, está a contribuir para preservar uma boa audição e, deste modo, a investir em continuada qualidade de vida, o que inclui, naturalmente, prazer audiófilo.
ASF - O autor agradece a colaboração do Departamento de Audiometria do Hospital de Stº António do Porto e ao Dr. Seabra da Rocha os comentários a este artigo.

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