O som é a propagação de uma frente de compressão mecânica ou onda mecânica;é uma onda longitudinal, que se propaga de forma circuncêntrica, apenas em meios materiais - que têm massa e elasticidade, como os sólidos, líquidos ou gasosos (...) Para os humanos, a audição é normalmente limitada por frequências entre 20 Hz e 20.000 Hz (20 kHz), embora estes limites não sejam absolutos. O limite maior normalmente decresce com a idade. Outras espécies têm diferentes níveis de audição. Por exemplo, os cães conseguem perceber vibrações mais altas que 20.000 Hz. Como um sinal percebido por um dos sentidos, o som é usado por muitas espécies para detectar o perigo, orientação, caça e comunicação. A atmosfera da Terra, a água e virtualmente todos os fenômenos físicos, como o fogo, a chuva, o vento, as ondas ou os terremotos produzem sons únicos. Muitas espécies, como os sapos, os pássaros, mamíferos terrestres e aquáticos foram, também, desenvolvendo órgãos especiais para produzir som. Em algumas espécies, estes evoluíram para produzir o canto e a fala...
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LER MAIS a seguir um bom artigo sobre o assunto, publicado em 1995...
O artigo a seguir descrito (bem como imagens), foi transcrito pela gerência da presente página, de fotocópias, da revista Audio do mês de Abril ao ano de 1995, autor Anibal Ferreira. Qualquer erro ou reclamação, disponham...
O AUDITO E INAUDITO
A ALTA FIDELIDADE DO OUVIDO HUMANO
Permita-me
lançar-lhe caro leitor à guisa de introito, o repto de um roteiro algo insólito
que – retomando o timbre do Poeta – poderá levá-lo a descobrir sons
provavelmente nunca dantes ouvidos. Posso desde já assegurar-lhe que o desgaste
físico envolvido é quase nulo e o equipamento mais complexo necessário é aquele
que lhe proporciona um prazer que já não dispensa: os seus ouvidos. O único requisito
importante é que se disponha a ganhar uma hora de descobertas inauditas.
Primeiro
investigue onde e quando pode fazer uso de uma câmara ou compartimento
anecoico. Há vários laboratórios no nosso país que dispõem desses
compartimentos para realização de diversos testes acústicos auditivos.
Agende a sua marcação e esforce-se nas 24 horas anteriores por sujeitar os seus ouvidos, o mínimo possível, a sons intensos. Por exemplo, use, sempre que seja oportuno e que se justifique, uns protetores auriculares de modo a proteger e os seus ouvidos do som e ruído ambiente.
Agende a sua marcação e esforce-se nas 24 horas anteriores por sujeitar os seus ouvidos, o mínimo possível, a sons intensos. Por exemplo, use, sempre que seja oportuno e que se justifique, uns protetores auriculares de modo a proteger e os seus ouvidos do som e ruído ambiente.
Vença a
aparência conspícua do compartimento anecoico, franqueie a entrada com
serenidade e determinação e previna que, para além de você, só existe mais uma
cadeira sólida, não almofadada, no interior desse compartimento. Verifique que
aporta de entrada é firmemente fechada. Assegure que se instala comodamente, de
modo que nos próximos 50 minutos não gere ruído por movimento dos sapatos,
perna ou outro movimento de membros que dê ligar a qualquer fricção do seu
vestuário. Procure concentrar-se tal como provavelmente já fez no caso dos já
muito divulgados estereogramas, mas, desta vez, para testemunhar sons reias e
não ilusões ópticas.
Ao fim de
minutos, a envolvência parecer-lhe-á cada vez mais etérea mas não se deixe
intimidar e vença um eventual sentimento de desconforto. Os sons que
normalmente estão submersos pelo ubíquo ruído ambiente do quotidiano
revelar-se-ão ao silêncio do vazio (expressão dual de “ à luz do dia”),
compensando-lhe toda a paciência e concentração. Começará primeiro por perceber
o detalhe da batida do seu coração. Ao cabo de 50 minutos já ouvirá o próprio
fluxo sanguíneo, movimentos dos intestinos, os movimentos mais pronunciados dos
músculos faciais e , se o seu ouvido conservar ainda plena acuidade auditiva,
ouvirá também uma estranha sibilância muito ténue mas contínua. Acredite ou
não, este som corresponde ao movimento aleatório das partículas de ar que
atingem o seu ouvido! Parabéns! Atingiu o limite absoluto da sua sensibilidade
auditiva, provavelmente insuspeita até ao momento. Mas não corra agora pelo
compartimento fora a contar a novidade! Apesar de o ouvido dispor de mecanismos
de proteção, permita-se uma transição suave para a poluição sonora em que
mergulhará de novo assim que se abrir a porta do compartimento.
A descoberta
é de facto tanto mais notável quanto se prova que o som audível do movimento
aleatório das partículas de ar corresponde a um deslocamento incrivelmente
pequeno do tímpano, com cerca de e um centésimo da milionésima parte de um
centímetro, ou seja, de um décimo do diâmetro da molécula de hidrogénio.
Este é um exemplo das excecionais capacidades do sistema
auditivo humano que, como qualquer mecanismo extremamente complexo, de grande
precisão, bastante sensível e sobretudo insubstituível, requer alguns cuidados
especiais, particularmente no que diz respeito à sua proteção. Este é assim o
tema deste artigo que, sem pretender ser exaustivo, procurará dar resposta a
algumas questões importantes tais como: Quais são os limites da capacidade
auditiva e como é que evoluem com a idade do individuo? Porque é que as
mulheres parecem ouvir “melhor” do que os homens? Que fatores condicionam ou
aceleram a degradação da sensibilidade auditiva? Certas formas de higiene do
ouvido podem ser prejudicais? Que medidas preventivas podem ajudar a preservar
a capacidade auditiva e a proporcionar a qualidade dessa fonte gratificante do
prazer?
ESTRUTURA DO OUVIDO HUMANO
O sentido da
audição envolve várias fases de processamento dos estímulos acústicos. A região
periférica (fig.1), constituída pelos elementos compreendidos entre o pavilhão
auricular e o nervo auditivo, capta o sinal acústico (movimento ordenado das
partículas de ar) e efetua a sua conversão mecânico-eletroquímica, de modo a
transmitir a informação resultante, através dos nervos auditivos, a regiões
centrais localizadas no cérebro.
Em traços
simples, o ouvido externo capta energia sonora e canaliza-a para o ouvido médio
onde será convertida em vibrações mecânicas. Estas vibrações ou ondulações,
comunicadas pelo tímpano a um conjunto de três ossículos, propagam-se através
do ouvido interno, preenchido com um fluido, através de ondas progressivas. É
no ouvido interno, que milhares de células ciliadas transformam a energia
mecânica em impulsos elétricos que são depois comunicados ao cérebro pelos
nervos auditivos. O conjunto do tímpano e ossículos atua como um adaptador de
impedâncias entre o movimento de partículas capitadas pela área do tímpano e o
movimento de fluidos da cóclea, comunicados através da janela oval. O ouvido
médio desempenha também funções de controlo adaptativo de ganho de modo a
proteger o ouvido interno de sobrecargas ou mesmo destruição. As não –
linearidades decorrentes desta função são facilmente percetíveis por exemplo, quando
se varia a intensidade de um tom puro, através da perceção de outras
componentes em frequência que provocam uma variação no pitch
ou timbre do som do ouvido.
A vida
inicia-se com um número fixo de cerca de 40 000 células ciliadas. À medida que
se avança na idade, algumas destas células morrem naturalmente causando perdas
auditivas, conhecidas na gíria por presbycusis (presby
= velho, alousis = audição). Este problema só é notado de forma sensível em
idade provecta (entre os 50 e os 80 anos), apesara de poder ser agravado por
via hereditária. As células ciliadas podem também ser danificadas em resultado
de acidentes na cabeça, infeções, alguns medicamentos e exposições críticas a
sons muito intensos.
Algumas
propriedades do sistema auditivo humano tais como a seletividade e
sensibilidade em frequência, a perceção de intensidade sonora e adaptação
dinâmica a intensidades muito fortes, o efeito de máscara ou mascaramento
(apagamento de algumas componentes do sinal devido à proeminência de outras),
são identificáveis funcionalmente ao nível mais periférico. Porém, vários
estudos revelam que estas funções são “polidas” ao nível do cérebro, onde
ocorre o processamento mais importante que traduz o estímulo acústico na
correspondente impressão ou sensação auditiva. Dado que estes estágios de
processamento não estão isoladamente acessíveis ou são desconhecidos, uma
solução prática para caracterizar aspetos da perceção auditiva consiste em
realizar uma análise conjunta e modelização de todo o processamento auditivo,
gerando sinais acústicos de teste adequados e “medindo” a sua impressão
auditiva, através do tratamento estatístico das respostas quantificadas
fornecidas por ouvintes treinados. Este é o fundamento dos testes psico-acústicos.
Um exemplo comum destes testes é o conhecido audiograma que será referido mais
adiante.
Apesar do
ouvido médio estar isolado do ouvido externo pelo tímpano, ele é também
preenchido por ar e a equalização da pressão deste espaço com a do exterior é feita
através da trompa de Eustáquio, assinalada na figura 1 e que desemboca na
região posterior das cavidades nasais. A sua função é particularmente notória
quando se sentem as diferentes pressões associadas a pontos geográficos com
grandes diferenças de altitude ou, então, quando se pratica mergulho em que a
equalização forçada é um exercício obrigatório. Uma outra função da trompa de Eustáquio
é assegurar a drenagem em caso da temível infeção do ouvido médio.
Uma caracterização útil do sistema auditivo é a
identificação do plano que delimita as capacidades extremas da experiência da
audição (os aspetos específicos da perceção espacial ficam remetidos para um
futuro artigo). Esse plano está representado na figura 2 e as grandezas
representadas são frequência e intensidade sonora em dB. Esta intensidade é
medida como o logaritmo da relação entre pressão acústica de um dado sinal e a
pressão acústica de referência de 10E12 W/m2 (1picowatt por metro quadrado). O eixo
das abcissas representa a gama das frequências a que o nosso ouvido é sensível.
O eixo das ordenadas representa, para cada frequência e no limite inferior, o
limiar de audição, isto é, a mínima intensidade sonora que essa frequência
deverá ter para conseguir ser ouvida. No limite superior, representa para essa
frequência, a intensidade sonora que já representa risco de degradação do
sistema auditivo, acarretando sérios danos se a duração da exposição for
excessivamente prolongada. Estas regiões de funcionamento devem ser objeto de
cuidado especial na proteção do ouvido e por isso serão analisadas em pormenor
mais adiante. A Área compreendida entre o limite inferior e superior ´´e onde
se desenrola a experiência auditiva. Assinalam-se, em particular, a subárea de
maior probabilidade de ocorrência dos sinais de vozes dos sinais de música.
Atingir a curva limite inferior que representa o máximo absoluto da
sensibilidade auditiva era, pois, o repto lançado na introdução deste artigo.
Dado ruído ambiente de todos os dias, a curva real da sensibilidade auditiva é
semelhante à da figura 2 mas está deslocada para cima um valor que é tanto mais
acentuado (isto é, maior perda de sensibilidade auditiva) quanto maior for a
intensidade e duração dos sons a que sujeitamos os nossos ouvidos. Nesta figura
representa-se ainda a ponteado grosso o deslocamento permanente, isto é
irreversível, resultante de sujeitar os ouvidos, com grande regularidade a
música reproduzida, sobretudo através de auscultadores, a muito altos volumes.
Este e outros fatores redutores da capacidade auditiva serão tratados a seguir.
FATORES REDUTORES DA CAPACIDADE AUDITIVA
O principal fator que, em condições normais, determina a
redução da capacidade auditiva é, como foi apontado anteriormente, o próprio
processo de envelhecimento natural.
Como já
referimos, as características fundamentais do som são frequência e intensidade.
A primeira mede-se em número de ciclos por segundo ou hertz e a segunda em dB,
sendo uma medida de relação tomando como referência a pressão sonora de 10E-12W/m2
A sensibilidade auditiva (curva do limiar de audição) pode ser avaliada através
de um teste auditivo. Este teste, designado por audiograma. Mede, para cada
frequência, a intensidade mínima que um som deverá ter antes de ser ouvido. O
teste é em princípio realizado com auscultadores e no interior de uma câmara
anecoica ou acusticamente isolada com um nível de ruído desejavelmente inferior
a 10 dB. A união de vários pontos de amostragem produz uma cura ao longo do
espetro audível. Estes testes permitem determinar, numa avaliação pontual,
perdas relativamente a padrões estabelecidos ou, numa avaliação regular, a
evolução e caraterização de perdas auditivas.
A zona crítica de intensidades sonoras a partir da qual podem verificar-se perdas
auditivas situa-se nos 85-90dB. As perdas auditivas temporárias ou reversíveis
ocorrem para exposições curtas na região crítica de intensidades ou acima.
Nota-se com um abafamento de certas componentes sonoras particularmente às
altas frequências e também pelo aparecimento de ruído gerado espontaneamente
pelo próprio sistema auditivo (tinnitus).
Exposições repetidas a sons na zona crítica de intensidades superiores podem originar um deslocamento permanente do audiograma que corresponde a perdas auditivas permanentes ou irreversíveis. A figura 3 ilustra a perda de sensibilidade (deslocamento da curva correspondente apo limiar de audição) com a idade. Para frequências inferiores a 1kHz não há variação significativa. Para frequências superiores, a variação é bastante acentuada, sendo por exemplo de 30 dB a 10 kHz para pessoas com 60 anos de idade. Esta análise pressupõe que os indivíduos não foram sujeitos, na sua experiência quotidiana, a intensidades sonoras de risco para durações prolongadas.
Exposições repetidas a sons na zona crítica de intensidades superiores podem originar um deslocamento permanente do audiograma que corresponde a perdas auditivas permanentes ou irreversíveis. A figura 3 ilustra a perda de sensibilidade (deslocamento da curva correspondente apo limiar de audição) com a idade. Para frequências inferiores a 1kHz não há variação significativa. Para frequências superiores, a variação é bastante acentuada, sendo por exemplo de 30 dB a 10 kHz para pessoas com 60 anos de idade. Esta análise pressupõe que os indivíduos não foram sujeitos, na sua experiência quotidiana, a intensidades sonoras de risco para durações prolongadas.
Outros
resultados, provavelmente baseados em indivíduos sujeitos às mais variadas
condições de exposição, revelam que os efeitos do envelhecimento não são
idênticos para homens e mulheres. De fato, as perdas auditivas com a idade nos
dois casos são bastante diferentes como se observa na figura 4.Parce concluir-se
que as mulheres têm perdas sensíveis bastante mais tardiamente do que os
homens, além de que o seu nível de perdas é bastante menor do que o destes.
Será este também um reflexo das vantagens fisiológicas que explica que, em
média, as mulheres tenham uma esperança de vida média superior à dos homens?
Uma das razões adiantadas para explicar esta diferença está na provável maior
exposição do ouvido masculino a intensidades sonoras criticas durante, mais
tempo. Além de haver uma maior incidência ruidosa nos locais de trabalho
tipicamente masculinos, basta por exemplo pensar na maior parte da comunidade
masculina pelos desportos motorizados, cinegéticos (armas de fogo), etc.
As perdas auditivas são acentuadas em resultado da dosagem de exposição que corresponde à combinação (multiplicação) da intensidade sonora coma duração da exposição. Os limites de risco apontados na figura 2 são válidos par um ouvinte médio e um tempo de exposição de 8 horas por dia e 5 dias por semana. Para exposições mais curtas, a intensidade pode crescer correspondentemente. Por exemplo, para a região mais sensível, o ouvido pode ser exposto a intensidades sonoras de 100 dB durante cerca de 50 minutos por dia, 110 dB durante 5 minutos por dia ou 145 dB durante 0,1 segundo por dia.
Este último valor deve ser encarado com seriedade particularmente pelos amantes e sobretudo praticantes da percussão, nos quais me incluo, pois estes curtos picos de intensidades sonoras agressivas (por exemplo, facilmente gerados por acentuações de tarola) destroem paulatina mas irremediavelmente o próprio ouvido. Para dar uma perspetiva relativa de intensidades sonoras, a tabela 1 tipifica algumas ocorrências familiares.
As perdas auditivas são acentuadas em resultado da dosagem de exposição que corresponde à combinação (multiplicação) da intensidade sonora coma duração da exposição. Os limites de risco apontados na figura 2 são válidos par um ouvinte médio e um tempo de exposição de 8 horas por dia e 5 dias por semana. Para exposições mais curtas, a intensidade pode crescer correspondentemente. Por exemplo, para a região mais sensível, o ouvido pode ser exposto a intensidades sonoras de 100 dB durante cerca de 50 minutos por dia, 110 dB durante 5 minutos por dia ou 145 dB durante 0,1 segundo por dia.
Este último valor deve ser encarado com seriedade particularmente pelos amantes e sobretudo praticantes da percussão, nos quais me incluo, pois estes curtos picos de intensidades sonoras agressivas (por exemplo, facilmente gerados por acentuações de tarola) destroem paulatina mas irremediavelmente o próprio ouvido. Para dar uma perspetiva relativa de intensidades sonoras, a tabela 1 tipifica algumas ocorrências familiares.
A principal
conclusão desta seção é pois que a audição de música a grandes intensidades sonoras,
como é particularmente o caso da audição com auscultadores de grande dinâmica e
largura de banda, e das condições de um concerto ao vivo, deverão ser regradas de
acordo com o seus potenciais efeitos nocivos e, se necessário, deverão ser
acompanhadas de proteções auriculares, de acordo com as recomendações da
próxima seção.
O stress acústico deverá portanto ser evitado a todo o custo se se pretende prolongar as suas boas capacidades auditivas por longos anos. A este propósito e se me é permitida a deambulação, dado como adquirido que os barulhos e ruído monótonos dos ambientes industriais e fabris causam fadiga auditiva e psíquica originando stress, não me é inteligível, em particular, o sucesso da chamada factory music, que é, a meu ver, caraterizada por um ritmo monocórdico, uniforme, mecanizado e irritantemente metálico. Ainda por cima, associando este facto aos fazedores deste tipo de música que sugestivamente adotam electronic para sufixação ou prefixação do nome das suas bandas, leva-me a pensar que os pés de dança são agora remotamente controlados e democraticamente equiparados, de modo a passarmos todos a ser confortavelmente iguaizinhos, tomados pela mesma bitola com cópias (clones) de um protótipo acrítico e acéfalo. Bom, mas no fundo, esta tendência até está em consonância com as tendências atuais de publicidade, consumo e até da programação televisiva, que é o da uniformização e massificação embrutecedora e estupidificante. Os psicólogos saberão explicar estes comportamentos sociais. Tenho para mim que isto corresponde a um preocupante empobrecimento espiritual da nossa sociedade com consequências óbvias de fuga no estereótipo e associação do consumismo com prática democratizante e de promoção social.
O stress acústico deverá portanto ser evitado a todo o custo se se pretende prolongar as suas boas capacidades auditivas por longos anos. A este propósito e se me é permitida a deambulação, dado como adquirido que os barulhos e ruído monótonos dos ambientes industriais e fabris causam fadiga auditiva e psíquica originando stress, não me é inteligível, em particular, o sucesso da chamada factory music, que é, a meu ver, caraterizada por um ritmo monocórdico, uniforme, mecanizado e irritantemente metálico. Ainda por cima, associando este facto aos fazedores deste tipo de música que sugestivamente adotam electronic para sufixação ou prefixação do nome das suas bandas, leva-me a pensar que os pés de dança são agora remotamente controlados e democraticamente equiparados, de modo a passarmos todos a ser confortavelmente iguaizinhos, tomados pela mesma bitola com cópias (clones) de um protótipo acrítico e acéfalo. Bom, mas no fundo, esta tendência até está em consonância com as tendências atuais de publicidade, consumo e até da programação televisiva, que é o da uniformização e massificação embrutecedora e estupidificante. Os psicólogos saberão explicar estes comportamentos sociais. Tenho para mim que isto corresponde a um preocupante empobrecimento espiritual da nossa sociedade com consequências óbvias de fuga no estereótipo e associação do consumismo com prática democratizante e de promoção social.
PREVENÇÃO E PROTEÇÃO DE CAPACIDADE AUDITIVA
Há uma
grande sensibilização para a proteção dos olhos e por isso todos nós tempos
pelo menos um par de óculos solares. Não nos choca, por exemplo, verificar que,
mesmo em estúdios de televisão, em particular os músicos não prescindem deles.
Esta sensibilização para a proteção teve provavelmente um acrescido acolhimento, dado que os óculos cumprem também uma função estética. Porém é que então não há idêntica sensibilização para a proteção do ouvido? Porque é que as pessoas não protegem os seus ouvidos quando vão há caça, quando usam berbequins ou mesmo quando vão a um concerto?
De fato, o prazer da música não diminui quando a proteção é tão pequena quanto 10 dB, mas a saúde do ouvido é largamente beneficiada. Ter-se-á de inventar uma função estética para as proteções auriculares? Penso que é de falta de informação que se trata.
Sem quaisquer pretensões moralizadoras, o resto deste artigo irá considerar algumas formas simples de prevenção e proteção dos ouvidos, que podem evitar a perda precoce de sensibilidade auditiva e no limite, a própria surdez.
A forma mais eficiente de proteção dos ouvidos, particularmente para as doses de exposição susceptíveis de causar danos, consiste na utilização de protetores auriculares. Os protetores auriculares atuam como uma barreira à entrada do som no canal auditivo. Há à venda no mercado diversos modelos adaptáveis ao gosto e idiossincrasias anatómicas de qualquer um. Por exemplo, os percussionistas têm à disposição modelos especiais com diferentes respostas em frequência e níveis de atenuação.
O local típico de exposição que conduz a exposições mais prolongadas a ruído nocivo e indesejado é o local de emprego. Uma grande parte das nossas empresas não forma ainda sensibilizadas para este problema e a incúria quer dolosa por parte dos responsáveis das empresas com o intuito de não originar novas despesas, mesmo que irrisórias, quer inconscientemente por parte dos trabalhadores, por falta de informação ou, mias grave ainda, por desinformação, leva q que surjam precocemente perdas auditivas consideráveis. Nas empresas, os locais de exposição mais críticos devem ser inventariados. Devem-se prever formas de proteção auditivas (com protetores auriculares) para trabalhadores que laborem nessas áreas. Deve-se realizar um teste periódico de rastreio ao sistema auditivo de cada trabalhador para acompanhar e detetar variações suspeitas. Esta é uma medida largamente compensadora. Vários estudos comprovam que, a serem usadas medidas de proteção auditivas em áreas de trabalho bastante ruidosas, a empresa ganha trabalhadores com uma conduta mais segura, menos propensa ao cansaço, motivada e por isso mais produtiva.
Para além disto, resulta uma menor probabilidade de ocorrerem problemas de saúde e acidentes de trabalho.
As áreas recreativas ou domésticas não devem também ser descuradas. Por exemplo, a utilização de equipamento de recreio como veículos motorizados para deslizar na neve ou na água, a utilização de ferramentas de potência como ferramentas de carpintaria, cortadores de relva, berbequins; deve ser necessário, ser acompanhada do uso destas proteções.
A observação de algumas regras de senso comum, tais como a escolha de eletrodomésticos silenciosos e afastar-se das fontes de ruído que não possa controlar (metro, alarmes, sereias) é também bastante benéfica. Por último, procure evitar sujeitar os seus ouvidos, durante horas a fio, a música reproduzida com intensidades próximas do limiar crítico identificado na figura 1. Coloque-se simetricamente relativamente às colunas da sua alta-fidelidade e procure a intensidade mais baixa para a qual o seu prazer da música não resulta comprometido.
Verifique que a tendência oposta é autodestrutiva: elevando a intensidade para conseguir maior prazer, acelera o stress auditivo e as consequentes perdas auditivas, o qie leva a elevar ainda mais a intensidade. É claro que a iteração desta tendência tem um desfecho e dramático.
Os ouvidos são essencialmente autocontroláveis. A cera do ouvido (cerúmen) retém a sujidade do seu interior e é expulsa naturalmente (por exemplo, pelos movimentos do corpo) Em caso de acumulação de cera é pouco recomendável utilização de cotonetes, pois estes podem empurrar a cera obstruindo o ouvido junto do tímpano, podendo provocar irritações e, mais grave ainda, perfuração do tímpano. Não se devem usar quaisquer químicos e não se deve arranhar o ouvido por exemplo coçando-o violentamente, pois isso pode ferir apele delicada do canal auditivo e ocasionar infeção (otite). No extremo, é recomendável a visita a um médico quando sentir sintomas de zumbidos espontâneos nos ouvidos, dores ou desconforto, tonturas ou dores de cabeça permanentes ou se sentir perdas auditivas. Isto nota-se por exemplo ao falr com alguém dado que em vez de manter o rosto virado para o interlocutor, há um pequeno desvio para procurar ouvir melhor por um dado ouvido.
Por último, não se esqueça do necessário e importante descanso que os seus ouvidos bem merecem. Mais uma vez, o problema que aqui se coloca é perfeitamente dual do da visão. De fato, depois de várias horas de observação minuciosa a curta distância, de leitura, escrita ou de trabalho em frente ao computador, é recomendável que se “descanse” os olhos olhando ou fixando alvos longínquos numa paisagem. Do mesmo modo, alternando com doses razoáveis de exposição, conceda que o seu ouvido recupere a sensibilidade normal, por exemplo, deixando-o perscrutar o silêncio do lugar mais sossegado que identifique no seu alcance. Ao fazê-lo, está a contribuir para preservar uma boa audição e, deste modo, a investir em continuada qualidade de vida, o que inclui, naturalmente, prazer audiófilo.
Esta sensibilização para a proteção teve provavelmente um acrescido acolhimento, dado que os óculos cumprem também uma função estética. Porém é que então não há idêntica sensibilização para a proteção do ouvido? Porque é que as pessoas não protegem os seus ouvidos quando vão há caça, quando usam berbequins ou mesmo quando vão a um concerto?
De fato, o prazer da música não diminui quando a proteção é tão pequena quanto 10 dB, mas a saúde do ouvido é largamente beneficiada. Ter-se-á de inventar uma função estética para as proteções auriculares? Penso que é de falta de informação que se trata.
Sem quaisquer pretensões moralizadoras, o resto deste artigo irá considerar algumas formas simples de prevenção e proteção dos ouvidos, que podem evitar a perda precoce de sensibilidade auditiva e no limite, a própria surdez.
A forma mais eficiente de proteção dos ouvidos, particularmente para as doses de exposição susceptíveis de causar danos, consiste na utilização de protetores auriculares. Os protetores auriculares atuam como uma barreira à entrada do som no canal auditivo. Há à venda no mercado diversos modelos adaptáveis ao gosto e idiossincrasias anatómicas de qualquer um. Por exemplo, os percussionistas têm à disposição modelos especiais com diferentes respostas em frequência e níveis de atenuação.
O local típico de exposição que conduz a exposições mais prolongadas a ruído nocivo e indesejado é o local de emprego. Uma grande parte das nossas empresas não forma ainda sensibilizadas para este problema e a incúria quer dolosa por parte dos responsáveis das empresas com o intuito de não originar novas despesas, mesmo que irrisórias, quer inconscientemente por parte dos trabalhadores, por falta de informação ou, mias grave ainda, por desinformação, leva q que surjam precocemente perdas auditivas consideráveis. Nas empresas, os locais de exposição mais críticos devem ser inventariados. Devem-se prever formas de proteção auditivas (com protetores auriculares) para trabalhadores que laborem nessas áreas. Deve-se realizar um teste periódico de rastreio ao sistema auditivo de cada trabalhador para acompanhar e detetar variações suspeitas. Esta é uma medida largamente compensadora. Vários estudos comprovam que, a serem usadas medidas de proteção auditivas em áreas de trabalho bastante ruidosas, a empresa ganha trabalhadores com uma conduta mais segura, menos propensa ao cansaço, motivada e por isso mais produtiva.
Para além disto, resulta uma menor probabilidade de ocorrerem problemas de saúde e acidentes de trabalho.
As áreas recreativas ou domésticas não devem também ser descuradas. Por exemplo, a utilização de equipamento de recreio como veículos motorizados para deslizar na neve ou na água, a utilização de ferramentas de potência como ferramentas de carpintaria, cortadores de relva, berbequins; deve ser necessário, ser acompanhada do uso destas proteções.
A observação de algumas regras de senso comum, tais como a escolha de eletrodomésticos silenciosos e afastar-se das fontes de ruído que não possa controlar (metro, alarmes, sereias) é também bastante benéfica. Por último, procure evitar sujeitar os seus ouvidos, durante horas a fio, a música reproduzida com intensidades próximas do limiar crítico identificado na figura 1. Coloque-se simetricamente relativamente às colunas da sua alta-fidelidade e procure a intensidade mais baixa para a qual o seu prazer da música não resulta comprometido.
Verifique que a tendência oposta é autodestrutiva: elevando a intensidade para conseguir maior prazer, acelera o stress auditivo e as consequentes perdas auditivas, o qie leva a elevar ainda mais a intensidade. É claro que a iteração desta tendência tem um desfecho e dramático.
Os ouvidos são essencialmente autocontroláveis. A cera do ouvido (cerúmen) retém a sujidade do seu interior e é expulsa naturalmente (por exemplo, pelos movimentos do corpo) Em caso de acumulação de cera é pouco recomendável utilização de cotonetes, pois estes podem empurrar a cera obstruindo o ouvido junto do tímpano, podendo provocar irritações e, mais grave ainda, perfuração do tímpano. Não se devem usar quaisquer químicos e não se deve arranhar o ouvido por exemplo coçando-o violentamente, pois isso pode ferir apele delicada do canal auditivo e ocasionar infeção (otite). No extremo, é recomendável a visita a um médico quando sentir sintomas de zumbidos espontâneos nos ouvidos, dores ou desconforto, tonturas ou dores de cabeça permanentes ou se sentir perdas auditivas. Isto nota-se por exemplo ao falr com alguém dado que em vez de manter o rosto virado para o interlocutor, há um pequeno desvio para procurar ouvir melhor por um dado ouvido.
Por último, não se esqueça do necessário e importante descanso que os seus ouvidos bem merecem. Mais uma vez, o problema que aqui se coloca é perfeitamente dual do da visão. De fato, depois de várias horas de observação minuciosa a curta distância, de leitura, escrita ou de trabalho em frente ao computador, é recomendável que se “descanse” os olhos olhando ou fixando alvos longínquos numa paisagem. Do mesmo modo, alternando com doses razoáveis de exposição, conceda que o seu ouvido recupere a sensibilidade normal, por exemplo, deixando-o perscrutar o silêncio do lugar mais sossegado que identifique no seu alcance. Ao fazê-lo, está a contribuir para preservar uma boa audição e, deste modo, a investir em continuada qualidade de vida, o que inclui, naturalmente, prazer audiófilo.
ASF - O autor agradece a colaboração do Departamento de Audiometria
do Hospital de Stº António do Porto e ao Dr. Seabra da Rocha os comentários a
este artigo.
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